Basicamente a
legislação ATEX para postos de trabalho faz duas grandes distinções entre
atmosferas explosivas causadas por:
- substâncias inflamáveis em forma de
gás, vapor ou névoa
- poeira combustível
As medidas de prevenção baseiam-se em
definir zonas, consoante a probabilidade de formação da atmosfera explosiva
seja permanente, ocasional ou pontual.
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Probabilidade
de formação da atmosfera explosiva
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Permanente
ou durante longos períodos de tempo
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Ocasional
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Não
provável em condições normais de funcionamento ou curta duração
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Gás
/vapor ou névoa
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Zona 0
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Zona 1
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Zona 2
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Nuvem
de poeira combustível
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Zona 20
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Zona 21
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Zona 22
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E dependendo da classificação de
zonas, teremos medidas de prevenção mais ou menos estritas.
Os documentos de orientação que
recomendo a este nível são a consulta do Guia de Boas Práticas [1], a norma EN
1127-1:2011.
Etapas na prática:
-
Verificar risco de explosão
Avaliar risco de formação de atmosfera
explosiva, sua duração e respectivos locais;
Avaliar possíveis fontes de ignição.
-
Medidas de protecção e prevenção
Vou começar por verificar em primeiro lugar o risco de explosão. Para tal temos de
saber o seguinte:
1. Estão
presentes substâncias inflamáveis?
Aqui contam todas as substâncias
inflamáveis que são inseridas no processo de fabrico/serviço, mas também ter em
atenção àquelas que se podem formar no decorrer do mesmo, tanto em condições
normais como anormais.
O que procuramos são 2 grandes grupos
de substâncias inflamáveis:
- Substâncias em forma de gás, vapor
ou névoa (e líquidas também, pois poderão originar um dos estados);
- Poeiras (As poeiras é a denominação
dada a partículas sólidas cujo o seu diâmetro é igual ou inferior a 0,42 mm.)
Alguns exemplos de poeiras: carvão,
magnésio, farinha, leite em pó, pó de madeira.
Portanto verificar se há substâncias
inflamáveis como:
- Matéria prima ou auxiliar;
- Produto residual, intermédio ou
final;
- Produto residual devido a falha.
O que fazemos nesta fase:
- Fazer levantamento de todas as
substâncias inflamáveis utilizadas (gases, líquidos, poeiras de substâncias
sólidas, névoas etc) ou passíveis de se formar devido ao processo em si,
misturas etc.
2. Poderá
formar-se uma atmosfera explosiva devido à dispersão destas substâncias?
Nesta fase temos de verificar as
propriedades e quantidades utilizadas.
Portanto, temos a lista de substâncias
e vamos recolher as informações sobre cada uma, os locais de utilização ou
possível formação, bem como respectivas quantidades. Aqui ajuda muito ter as
fichas de dados de segurança para saber as informações relativas à substância,
se bem que por vezes a mesma está incompleta e temos de procurar essa
informação noutros locais.
No caso das características das
substâncias vamos separar em dois grupos:
-gases/vapores/névoas (aqui também
pomos as substâncias em estado líquido, pois poderão passar para estado
gasoso);
- Poeiras
Para
o caso de gases, vapores e névoas vamos saber:
- Nome da substância
- Nº CAS
- Estado físico do material (se líquido, gás, poeira…)
- Ponto de inflamação (*)
- Limite inferior de explosividade em kg/m3 ou % volume
- Volatilidade a pressão de vapor a 20ºC
- Volatilidade ponto de ebulição
- Densidade relativa
- Temperatura de auto-inflamação
- Classe de temperatura (esta classificação tem a ver com temperatura de auto-inflamação)
- Peso molecular
Para
o caso das poeiras
- Nº CAS
- Nome
- Temperatura mínima de ignição para camada de 5 mm e 15 mm (ºC)
E verificar também para a nuvem de
poeiras
- Limite inferior de explosividade em % volume
- Temperatura mínima de ignição (ºC)
- Pressão máxima de explosão(bar)
- Razão máxima de explosão(bar/s)
- Constante de poeiras*
- Classe de explosão
- Calor de combustão de incêndio
Portanto, será mais fácil ter toda
esta informação em tabela, juntamente com quantidades e locais. A partir daqui,
vamos verificar segundo as características aquelas que nos poderão causar
atmosferas explosivas.
Resumindo tudo, para saber se se pode
formar atmosfera explosiva há que:
- Listar todas as substâncias inflamáveis
(gases e poeiras);
- Analisar as suas características,
locais, operações e quantidades utilizadas;
- Verificar se a dispersão pode
originar atmosfera explosiva e por quanto tempo.
Vou continuar com este assunto no
próximo post.
Espero que vos tenha sido útil.
Até à próxima!
Fonte (s):
[1] Guia de boa prática de carácter
não obrigatório para a aplicação da Directiva 1999/92/CE do Parlamento Europeu
e do Conselho relativa às prescrições mínimas destinadas a promover a melhoria da
protecção da segurança e da saúde dos trabalhadores susceptíveis de serem
expostos a riscos derivados de atmosferas explosivas.
[2] Manual Verlag dashöfer online: Higiene e Segurança no Trabalho. (www.hst.pt)